Ambos os lados trocam acusações sobre superexposição do garoto.
“Meu coração está vazio e partido porque está faltando o nosso amor”, disse Silvana Bianchi
A avó materna do menino Sean Goldman, de 9 anos, após o embarque do neto com o pai biológico, o americano David Goldman, para os Estados Unidos nesta quinta-feira (24).
O pai, por sua vez, divulgou carta em que destacou o "renascimento da família em uma época tão especial do ano".
Silvana disse que este vai ser o pior Natal que a família vai passar e que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) foi uma "covardia".
“Levar a criança no dia de Natal é um crime hediondo. Ele foi separado da irmã (Chiara, de 1 ano e 3 meses), isso é uma covardia”, criticou a avó de Sean.
Segundo ela, o menino ficou apavorado com o assédio da imprensa ao chegar esta manhã ao Consulado Americano, no Centro do Rio. A avó disse que temeu que Sean fosse pisoteado.
O governo americano, por outro lado, criticou a superexposição do garoto pela família brasileira na chegada ao consulado no Rio. “A avó, o advogado, a família, o padrasto e outros parentes de Sean tiveram total acesso ao consulado pela garagem, mas recusaram. O doutor [Sérgio] Tostes [advogado da família], quando falamos que não precisava aquilo, disse que eles eram livres para fazer o que quisessem”, afirmou Orna Blum, porta-voz da Embaixada dos EUA.
Para a imprensa, o advogado negou que a garagem fora oferecido.
“O maior objetivo do consulado era que Sean tivesse privacidade e segurança. O governo americano não está feliz com o que aconteceu”, disse ela, referindo-se ao tumulto com a chegada ao consulado.
Antes do embarque, David divulgou agradecimento a "brasileiros e americanos que ajudaram no reencontro. "Por favor saiba que meu amor e do resto da família de Sean por ele não tem fronteiras e que iremos até o fim da Terra para protegê-lo e banhá-lo em cada grama do amor que temos", declarou ele, em carta.
David Goldman e o filho Sean embarcam para os Estados Unidos (Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo)
Último dia no Brasil
Sean passou a tarde de quarta-feira (23), seu último dia no Brasil, brincando com seis amigos no apartamento da família brasileira, de acordo com Silvana.
“Ele está muito triste de ir embora e ficou muito assustado com toda aquela confusão. Ele estava muito nervoso. Teve febre de 38,5 graus à noite e vomitou quando chegamos ao Consulado. Ele está realmente muito abalado”, relatou a avó.
Dizendo-se "descrente" e "com vergonha" da Justiça do país, ela disse mais uma vez que, a seu ver, os direitos de Sean foram trocados por interesses econômicos e comerciais do Brasil. Ela diz que já está ansiosa para voltar ver o neto.
“Estamos providenciando tudo para visitá-lo o mais rapidamente possível. Não tenho condições de morar nos Estados Unidos. Não posso largar família e tudo para trás, mas sempre que possível irei lá ver meu neto.” Depois, voltou a criticar a decisão que determinou a partida de Sean. “Que Deus tenha piedade da alma de Gilmar Mendes”.
O presidente do STF decidiu na terça (22) que não tinha competência para julgar o caso e suspendeu a liminar que garantia permanência do garoto Sean no Brasil.
'Lutamos o quanto pudemos'
Durante coletiva concedida na manhã desta quinta, o advogado da família materna do menino Sean, Sérgio Tostes, informou que foi feito de tudo para que a transição para o pai americano dele, David Goldman, fosse a mais suave possível.
“Lutamos o quanto pudemos, mas não conseguimos mantê-lo. Tentamos que a avó acompanhasse Sean aos Estados Unidos, mas as autoridades americanas negaram”
Ainda segundo Tostes, a avó entregou a David Goldman um documento com características e peculiaridades sobre o menino. De acordo com o advogado, o único contato que Silvana e David tiveram foram poucos momentos antes de entregar o garoto.
“Silvana pediu que David tomasse conta do neto dela. O pai foi extremamente atencioso com Sean”
Tostes disse que Sean se despediu da irmã dizendo que voltaria em breve.
De acordo com o advogado, as autoridades americanas não quiseram discutir a possibilidade de visitas nos EUA. Por isso, a avó deve permanecer no Brasil e aguardar
“que a situação fique mais clara”.
Segundo Tostes, a família vai contratar um advogado americano para que o caso continue sendo acompanhado.
“Espero reciprocidade do governo americano, assim como a Justiça brasileira fez”, disse.
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